Morte e Superação

Tomar vitaminas, praticar esportes, ter uma alimentação saudável e ir ao médico regularmente. Estas são algumas atitudes que muitas pessoas tentam colocar em prática a fim de atingir a longevidade. Mas de nada adianta se esforçar para cumprir isso se a saúde mental é deixada de lado.

Um estudo elaborado recentemente pela Universidade de Stanford, na Califórnia, desmente o senso comum de que experiências traumáticas podem fazer com que as pessoas vivam menos. Na verdade, o que estabelece nosso tempo de vida é a forma através da qual lidamos com essas situações difíceis.

Desde a tomada de um fora até a morte de uma pessoa querida, a maioria das pessoas já vivenciou algum tipo de experiência traumática. A princípio, superá-las pode parecer muito difícil, mas, no final das contas, não passa de um processo de aceitação e enfrentamento que depende exclusivamente de quem foi lesado pelo trauma. O especialista em comportamento humano, Eduardo Shinyashiki, dá os primeiros passos para o caminho de superação.

Para ele, as dificuldades começam a surgir a partir de um processo de retração que aparece depois da experiência traumática e acaba gerando um medo de enfrentar a situação. Shinyashiki conta que a primeira atitude para vencer o trauma é a admissão de que esse medo existe. ”É importante que a pessoa seja honesta com ela mesma e perceba que há um medo que a paralisa. Socialmente, uma pessoa medrosa não é muito bem vista. Sobretudo por causa do sentimento de desqualificação. O primeiro passo é a aceitação da dificuldade”, aponta.

Para o especialista em comportamento humano, se há uma coisa que a pessoa absolutamente não deve fazer é ficar ensimesmada, negar sua necessidade e, sobretudo, capacidade de resolver os problemas. ”É preciso assumir a responsabilidade pelo que se deseja. Muitas vezes a pessoa diz que não é boa e usa expressões que formam subterfúgios para não ter que enfrentar a situação. Ela deve fazer diferente, estar focada no resultado”, indica Shinyashiki.

Porém, nem sempre a pessoa consegue enfrentar um abalo psicológico com tamanha sobriedade. Às vezes, o processo traumático continua na imaginação da pessoa a ela passa a ter de conviver com a idéia falsa de que o que sofreu poderá se repetir a qualquer momento.

Shinyashiki explica que nesses casos um acompanhamento psicológico é uma ferramenta fundamental para o processo de mudança. O componente afetivo, acompanhado da necessidade de não se sentir sozinho, devem complementar esse acompanhamento. Ele se refere à tragédia ocorrida em uma escola em Realengo em que 12 crianças foram mortas por um atirador para mostrar como se dá esse processo de superação.

”Quando a gente imagina crianças indo para a escola de Realengo, a gente vê que muitos pediram para ir para outras escolas. Parece que o medo começa a ser o líder de nossas tomadas de decisão e que o mais confortável é não enfrentar a situação”, explica Shinyashiki. ”Mas chega o momento que esse jovem precisa retornar à escola para criar uma nova representação”, completa.

Mas nem sempre é preciso que a pessoa sofra uma experiência traumática para ter os mesmos problemas de alguém que de fato passou por uma. É possível que, ao imaginar com muita frequência como seria determinada situação difícil, a pessoa crie um medo e um bloqueio que não têm razão alguma de ser. ”Muitas vezes, a pessoa nem passou por uma experiência traumática ao vivo, mas no imaginário. Aí ela passa ser um passageiro da existência”, diz Shinyashiki.

Pessoas que dão uma reviravolta na vida e encontram uma nova maneira de encará-la tendem a ser mais satisfeitas consigo mesmas. O especialista em comportamento humano ilustra isso com o seguinte trecho da crônica ”Pipocas da Vida”, de Rubem Alves: ”Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo”.

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